Bradley Manning, o
soldado norte-americano que vazou 700 mil documentos diplomáticos e
militares ao Wikileaks, foi condenado por dez acusações e escapou da
culpa por traição. O veredito foi dado nesta terça-feira, 30, pela juíza
Denise Lind.
Manning foi condenado por cinco
acusações de roubo, cinco de espionagem, fraude cibernética e violações
da proteção militar. As penalidades ainda estão sendo decididas e podem
chegar a 136 anos de prisão. No entanto, como foi absolvido da acusação
de auxiliar o inimigo, há expectativas de que o ex-militar não seja
condenado à prisão perpétua.
David Coombs, o advogado, afirmou que entrará com um recurso e
pretende levar cerca de 24 testemunhas ao júri. “Manning pode ser
condenado a 136 anos de prisão pelas acusações que foi declarado
culpado. Extremismo perigoso do governo Obama, no que se refere à
segurança nacional”, escreveu o Wikileaks em resposta.
O vazamento é considerado a maior
divulgação de dados confidenciais da história dos EUA. Manning,
ex-analista de inteligência militar no Iraque, expôs documentos sobre o
Departamento de Estado e das Forças Armadas Americanas que revelaram
comunicações diplomáticas entre embaixadas e informações sobre a atuação
norte-americana em guerras como a do Afeganistão e Iraque.
A acusação de ajudar o inimigo era a
mais séria e controversa. Alguns entendiam que, por ter vazado os dados a
todos, inclusive à imprensa norte-americana, Manning não poderia ser
acusado de traição – afinal, sua intenção era apenas promover um debate
sobre as ações militares do país. No entanto, de qualquer forma,
organizações inimigas aos EUA podiam facilmente ter acesso a tais
informações, disponíveis na internet.
Manning está detido há nove meses.
Segundo sua defesa, o delator ficou sozinho em uma cela sem janelas,
algumas vezes até mesmo nu. Devido aos maus tratos, os advogados
enviaram a denúncia à ONU.
A juíza militar Lind determinou que o
ex-militar foi punido ilegalmente e que deverá receber 112 dias de
desconto em qualquer sentença que possa ser condenado.
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